sábado, 17 de novembro de 2007

As Cordas

Cinco cordas me prendem ao chão
E não me deixam nem mexer.
A corda da solidão prende-me os sentidos
ao mesmo tempo que me enforca o coração.
A corda do sofrimento
Que me comprime todas as terminações nervosas
Causando dores avassaladoras.
A corda da mudez que me impede de gritar ou pedir ajuda
Ajudando assim ambas as anteriores.
A corda da lucidez que me impede de me alhear de tudo
logo seguido da corda da mente
que me cria vãs ilusões que logo são retiradas
para minha total infelicidade.
Mas a corda que me devia segurar
Essa, qual ironia, nem de mim se aproxima
embora por vezes pareça que sim,
fugindo logo de imediato
com um sadismo tal que deixa o próprio sadismo a um canto.
A corda a que me refiro é a corda da morte,
aquela que sempre desejei que se aposse de mim,
aquela que me trará a felicidade.
Mas em vão espero e enquanto espero sou amarrado.


A Calamidade

Acordo ventos e tempestades
Que já violentos por si só
Comigo atingem o seu máximo apogeu
e mesmo assim o silêncio reina...
Acordo vulcões, crio terramotos
capazes de abalar mundos inteiros
E ainda assim o mundo mais abalado
Não é tão só, senão o meu...
Mas tanto trabalho para quê?
Não há vento que me leve
Nem terramoto que me enterre
Nem vulcão que me faça em pedra.
Pois pedra já sou eu,
Pois pedra já eu tenho dentro de mim,
É a que me bombeia o sangue e a solidão...
Não existe calamidade que me pegue
Pois a maior delas todas sou eu.

Alguém?

Oceano de gotas espessas da ferida aberta
Recobertas pelo pus e gangrena do corte infectado,
Atmosfera de hálito fétido e vapores anais,
Continentes de montes de merda ressequida,
Árvores cantantes da sinfonieta da tortura,
Chuvas àcidas de ranho e baba em decomposição,
De um lado para o outro espectros de podridão,
Cascatas de merda liquida e virulenta,
Vulcões de tristeza dor e solidão,
Horrores, pesadelos, cães vadios e moribundos,
Infestações de pulgas, sanguessugas e ténias,
Bem como vermes comedores de olhos à espera de um vítima,
São a versão melhorada do meu ser interior.
Enfim, quem me quer conhecer?
(...)
(...)
Bem me parecia!!

Momento de Criação

Há já algum tempo que caneta e papel
Velhos amigos de minha eleição
Não se juntam para que assim criem
Mais uma bela história de pura ilusão.

Estão agora reunidos para assim recriar
Mais uma epopeia para nos iluminar
E assim preencher de amor o meu coração
Recheado de lágrimas e tanta desilusão.

Entre beijos e caricias trocados pelos amantes
E suores e suspiros nesse leito
O momento supremo de prazer e paixão
Resulta na fecundação do poema perfeito!

Memórias

Memórias são...
Vislumbres da realidade
Que adoraríamos reviver,
Lágrimas e funerais
E dores para esquecer,
Amores, despedidas, pura ilusão...
Memórias são momentos de mais pura solidão.
Recordar não é viver, é sonhar
É por um pé na dignidade e chorar...
Memórias são tormentos, belas sensações
Lacradas e causterizadas nos nossos pobres corações.
Mas sem memórias o que seriamos?
Fim ao ódio mágoa e rancor
Fim ao bem,ao mal, ao assim-assim
Fim ao ontem, hoje e amanhã
Fim ao fim, fim ao mundo, fim a mim...
O que seriamos sem memórias?
Numa palavra - Felizes

Árvore

Havia uma árvore
Que ninguém via
Havendo quem dissesse
Que nem sequer existia.
Havia uma árvore
Que não dava flores
Havendo quem dissesse
Ser a árvore dos horrores.
Havia uma árvore
Que chorava todo o dia
Havendo quem dissesse
Que uivava de agonia.
Havia uma árvore
Que um dia sonhou
Havendo que dissesse
Que nesse dia, de vez, murchou
Havia, houve, há

Obrigações

Não me é permitido chorar
Em vez disso tenho de sorrir.
Quando estou mal só me dão uma solução
Por um sorriso na cara e dizer uma piada.
Mas a felicidade também me foi vedada!
Não sou digno de estar bem
Mas não posso estar mal.
Em vez de estar como estou
Tenho de mudar conforme os que me rodeiam.
Odeio-me mais do que se possa imaginar.
Amor-Próprio?? (Ha, Ha, Ha)
Tentem antes "ódio-próprio".
De mim só me fica nojo e pena,
Sou a doença deste mundo
e nas folgas, o saco de porrada.
Já não vejo luz, há muito que se desvaneceu,
Sobrando-me a negra realidade.
Desejo ardentemente entrar em Hades
Desejo acabar com tudo.
Quero morrer.

sexta-feira, 2 de novembro de 2007

KMRR

Quero morrer,
Quero morrer,
Quero morrer,
Quero morrer,
Quero morrer,
Quero morrer,
Quero morrer,
Quero morrer,
Quero morrer,
Quero morrer,
Quero morrer,
Quero morrer,
Quero morrer,
Quero morrer,
Quero morrer,
Quero morrer,
Quero morrer,
Quero morrer,
Quero morrer,
Quero morrer,
Quero morrer,
Quero morrer,
Quero morrer,
Quero morrer,
Quero morrer.
O que eu quero é meu e de mais ninguém.