terça-feira, 24 de abril de 2007

Introspecção

Sigo por um túnel escuro e sombrio
descalço por entre o cascalho.
Ouço água a correr p'las paredes
é salgada e triste como lágrimas.
Doem-me os pés!
Doi-me a alma!
Agora oiço sons abafados
choros, gemidos, lamúrias
sarão meus ou de outros?
Não paro de pensar onde estou
e porque ainda caminho, mas
algo me diz que sei a resposta.
Vejo luz ao fundo do túnel
a luz é vermelha e triste.
O som da água mudou
parece mais pastoso
parace sangue!
O vermelho das paredes brilha
iluminando-me o caminho.
Oiço choros e gritos de dor.
Sinto os pés molhados!
O túnel está inundado.
Há um barqueira à minha espera,
o barco desliza sem um som
o vermelho dá logar a novo negro...
O barqueiro indica-me uma plataforma
Estou num cemitério.
Todas as campas têm meu nome
e em todas sinto movimento.
Procuro uma que esteja vaga,
mas vaga nenhuma encontro.
Mais uma vez fui excluido,
mas desta vez vou dar luta!
Com unhas, dentes, mãos e pés
cavo um buraco só para mim
com um fulgor que nunca tive
com uma garra que nunca possuí.
Deito-me para a eternidade.
Só, como sempre
Infeliz, como sempre
Mas, por uma só vez,
Realizado!

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